sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

"A Marca da Morte"

O sonho de Alícius Mandríni era mover a mão de Lúcifer. Sabia que a tentação não era mera fração de sentimento humano ou bestial; uma conquista dessa ordem o faria alcançar níveis elevados na hierarquia dos iníquos. Em contrapartida, a afetividade mais ingênua tinha, já em Freud, explicações um tanto quanto não convencionais e o jovem robusto vivia inconscientemente esta batalha dual. Uma besta a servir Lúcifer, Alícius tornava a noite escarlate com mais sangue e prazer quando fazia cintilar os olhos das fêmeas do Espaço Neural. Embriagadas e sedentas por mais prazer e pelo efêmero gosto do sucesso e da fama, o servidor da ira e de Eros as despia como a um anjo e deleitava-se em suas fraquezas.
Na cidade de Tanatus, ria da maldade e afagava o seu ego o Servo das injúrias, que o tornava mais admirado por seu mestre a cada dia. Até que, num súbito, conheceu Marcelle Piacovennat. Ele não se permitiria como vulto penumbroso em frestar o olhar pela alma dantesca daquela ninfa selvagem. A jovem geniosa e inacessível alcançou na dor uma pureza inefável, contudo nunca havia sido consagrada a nada e a ninguém. Era uma gema preciosa a Deus e aos deuses do paganismo.
Nos tentáculos de um e na algibeira do outro disputavam solenes os poderes e as potestades:
— Considero-a batizada pelo sangue, pois vive em martírios e perseguições na defesa da justiça. – Emendava Proteus.
— Não me venha com essa conversa mole, Proteus! É uma menina pagã, descendente de ateus, além de tudo não está morta. Como ousa pleitear essa alma insolente?
— Não podes criar dificuldades à misericórdia divina. Tenho muitos motivos para aqui estar e apresentar a sua defesa.
— Esta não foi provada no cadinho da tribulação, não elevou preces ao senhorio daquele que representas...
— Quer fazer ignorar o sentido das lutas dessa jovem? O seu ideal em favor de todos indistintamente é um fato inquestionável, Abrólios. A quase mutilação e a coragem em seus conflitos são verdadeiras provas de sua bondade e resignação.
— Sabes o trato. A salvação é pela graça e pela fé. Diga-me em que ela acredita. Ambiciosa, ela nunca olhou para trás nos seus desígnios e feriu a muitos com a sua frieza...
— Como pode, Carcamano, julgar as feridas de uma batalha em que ela era o grande alvo? E sempre agia na defesa de interesses não seus, mas de todos os seus compatriotas.
— Apelo ao ministro dos anjos... Chega de conversa á toa! Não abro mão dessa guerreira maligna por nada. Tenho planos para ela ao meu lado...
— Isso é uma piada... Você não tem com ela nenhum contrato ou pacto...
— Tenho com a sua mãe... Évora...
— Mas como? Não tem ela culpa alguma da insanidade de Évora.
— Tem, pois a mãe sagrou-se sacerdotisa no templo de Diana, e feriu-se em sacrifício. Ela e as virgens da família. Como ousas impedir-me a apreensão desse dote?
— Ok, façamos, pois, ao jeito do concílio de Maltrão.
—Ah, finalmente, apelou à lei, não é Proteus? Pensas que não me preparei para tal situação?
— Vamos, decida! Como se dará a campanha?
— Ela será provada antes de subir a Tanatus, o que acha?
— Ok, não sou de discordar de provações. Da-me gosto ver o sofrimento dos mortais.
— Creio também que isso a levará à perfeição. Lamentavelmente, terá de ser assim. Estarei no Oráculo de ouro.
— Ahahahaha. Sinto aqui do meu lado a sua preocupação, Proteus. Sabe que tenho armas poderosas. Essa, garanto, será minha.
Despediram-se enquanto abria-se um elo dourado em meio ao espaço, fazendo imergir a silhueta de um corpo iluminado em milhares de matizes.
A filha de Évora era uma alma em abandono. Não cedia o espírito a encantos. Tinha a mente dominada por lutas interiores indizíveis. Ela se acreditava isenta de artifícios para o amor. Inconsciente de sua beleza era autêntica, às vezes fria, uma alma indócil.
Alícius, convocado por Abrólios, servo de Lúcifer, tinha a alma afetada por vultos iluminados. Sua alma dobrava-se como cartilagem, afagando o bem e o mal a gosto. Relutava contra as culpas interiores e as tentava afastar com mais maldades. Vivia o sentimento duplo da pertença ao bem e ao mal. Não à toa, Lúcifer encomendou a jovem ao sacrifício, pois queria também uma prova de Alícius contra a singeleza daquela beldade. Divertia-se ao mesmo tempo que temia perder a força de um general tão capacitado em fazer maldades.
Naquele início de ano, sabia dos poderes que exerceria além dos dogmas do bem e do mal... Por isso atacou:
— O conselho tem para comigo algumas queixas, Alícius. Acham que lhe devoto apreço demais. Em ti a corrupção não entorpece como àqueles. Então, concedo-te a possibilidade de militar em meu favor numa batalha das mais sutis.
— Como quiser, Lúcifer. Adianto que não temo a nada...
— Isso é bom. O que terás de fazer não é tarefa das mais difíceis. Concordo com Abrólios que tens um espírito sutil e envolvente, por isso entrego-te essa musa. Ela confundiu a muitos com seus sonhos mais insanos. A jovem que vês abaixo desse vitral receberá o dom de elevação. Conforme Maltrão, terá a possibilidade de decidir entre o bem e mal. Não sem uma forcinha. Entende?
— Conte comigo!
— Não será fácil, adianto que atrairá todas as forças e contingências que há no céu. É guerreira. Se te identificar como um mal não terás chance, compreende?
— Virá conosco ou não me chamo Alícius, chefe.
— É isso que eu queria ouvir... Vá! É toda sua... Despertará em pouco tempo; então, apresse-se!
Alícius já se encontrara a beira do lago Neural quando via despertar aos poucos a recente visitante do plano. Deitou-se sobre o lago que infundia em si trocas de fluidos luminosos com o corpo de um jovem usuário de drogas. Erguendo-se confiante do abatimento imposto pelo entorpecente, venceu o fluxo termal do lago, onde uma sombra opaca emergia marcando sua ausência. Chegava à terra agora.
No inconsciente de Alícius, Lúcifer falava:
— Essa devassa está a malcomunar contra mim! Mate-a! – ordenava o príncipe das trevas.
— Pois que mal te fez a pobre mortal, amigo Lúcifer? – redargüiu o súdito.
— Não me venha, Alícius, com suas retomadas irônicas!
— Pois bem... Se não me convém saber o porquê dessa simples humana causar-lhe tamanha inquietação, ó senhor dos vales, menos conveniente é um mestre do saber (Lúcifer em sua origem etimológica significa luz do saber ou da sabedoria) se dobrar a ela nestas demonstrações de insegurança.
Alícius nunca encontrara em ninguém no mundo uma forma qualquer de vida que causasse ânsias em seu tutor, por isso mesmo resolveu conhecê-la com o falso propósito de ajudar o mestre. Em sua forma mortal, curiosamente, ele não tinha nada de atrativo. Sabia da inteligência e capacidade intelectual da jovem.
Trajando-se sempre de negro e com o formalismo adequado à academia, entrou no Café para um lanche. Afogada em livros e resumos escolares, subitamente, choca-se com o estranho rapaz que se colocava à frente como obstáculo a sua passagem. Caem os livros e, como o mais sedutor dos demônios, Alícius provoca o acaso e a surpresa que tanto encanta as mulheres. Gentilmente, debruça-se para apanhar os livros e a contorna no olhar. Ela sorri, mas percebe que o tipo franzino não lhe é adequado.
— Desculpe-me o desastre! Infelizmente isso me acontece não raramente. Sou um desastrado!
— Oh! Que isso! Não se importe! Creio que exagerei na leitura... Não quer se assentar?
— Não, não quero a incomodar! Já lhe atrapalhei muito por hoje...
— Não é nenhum incômodo. Percebo que também estuda aqui no campus. Estou certa?
— Sim, sou um aluno especial. Trabalho com filosofia.
— Que bom! Adoro pesquisar os clássicos! Poderia me ajudar na monografia em que estou trabalhando.
O encontro frutificara e, em duas semanas, o gentil rapaz já lhe tinha na admiração. Fez-lhe rir, causando pela eloquente justificava a respeito dos poderes do mal como fonte de equilíbrio à natureza e ao homem. A confiança chegou ao ponto de confessar-lhe o inédito:
— Já sonhei com Lúcifer, acredita?
— Como? Isso é possível?
— Não sei, mas incomodou-me de certo modo não temê-lo. Senti culpa por não sentir um mínimo de aversão ou medo, o que é comum num caso como esse. Sempre fugia à minha presença.
— Interessante, fale-me mais do assunto!...
Estranhamente um imenso fio começava a conduzir inconscientemente o casal a uma inquieta versão do destino. Lúcifer, ao que tudo indicava, tinha ameaçada sua autoridade em virtude de uma fraqueza comum aos demônios: a pureza.
— Você não está acreditando nessa balela, está? – falava a jovem em sua explanação filosófica.
— Sim, continua... Então, você estuda mitos da humanidade?
— Anjos, demônios, assomabrações...
Atordoado, o jovem pensava nos benefícios concedidos por Lúcifer a ele, o seu predileto companheiro nas disputas “angelicais” – soa até religioso a expressão – mas, venturosamente, fizeram decair muitos anjos. E agora teria de enfrentar ser tão angélico e frágil... Como?
Continuava a jovem:
— Ouça: “Porei hostilidade entre ti e a mulher, entre sua linhagem e a dela. Ela te esmagará a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar (Gn.3,15).
Vencedores até ali de grandes batalhas, como uma única mulher poderia causar a cisma de uma cúpula de demônios. Sem trazer consigo nenhuma insígnia religiosa, uma relíquia sequer, sem servir a deuses, santos, nenhuma cruz, nenhum sinal de crença. Como poderia causar a derrocada de um relacionamento entre ele, sempre tão fiel, e seu mestre a quem guardava em admiração. Uma mulher?
Trajado, incomumente, descia à noite na capital, Paris, deslizando à torre que faiscava a seus pés, ornado para uma batalha, duplas asas negras abriam-se e cintilavam à lua. Decidido, irado, não permitiria uma palavra a insolente mulher que lhe tirava a paz e somava-lhe lágrimas ao rosto.
— Por quê? – indagava ao destino.
Uma imensa pista de óleo e piche acendia-se em furor à velocidade que lhe impunha os pés. O ódio dançava em seu peito, o chão vertia crateras... Havia passado o bosque dos decrépitos, como chamavam os estudantes que vinham das farras, noitadas e orgias acadêmicas.
Ao se deparar com o alojamento, a energia dos seus olhos eram capazes de consumir toda a luz natural do ambiente num só fitar. A janela da jovem estava semi-aberta. À entrada, uma varanda na qual pousou seus pés, escondido entre as folhagens e possuído pelo sentimento agudo da devassidão, esperava o olhar da pobre vítima encontrá-lo num circuito fatal de sinergias. No entanto, surge inconsciente da emboscada, enrolada em uma toalha, com os perfumes e vapores da sua pueril virgindade, atônito e resistente, ouviu-a cantar uma canção de amor. Falava de um príncipe desconhecido, cantou em suaves sorrisos, imaginava-se tocada pelo jovem.
Alícius sentia a pelagem acinzentar-se e ceder-se aos encantos da fêmea. Sabia que de algum modo fora tocado em extremos na sua sensibilidade áurea.
— Não! Não posso!
— Oh... Soc... – antes do grito tapa-lhe a boca espantado.
— Espere! Sou eu Alícius.
Concorda em ficar em silêncio.
— O que faz aqui? – indaga a jovem.
— Tenho uma missão... Depois explico...
Ao confrontarem os olhos, Alicius viaja a instâncias salutares e, num flash, percebe a genealogia da garota abrir portais infindos de luminescente luz. No oposto, a bela jovem vê a pupila de arestas inflamadas cujo núcleo rasgava-se em depressivas nuances cromáticas e uma abóbada escarlate trazendo uma marca esotérica.
— Você? – assustou-se a garota.
— O que vê? – perguntou atônito.
— Uma marca...
— É a marca da morte...
— Como retirá-la? Fale-me!
— É uma marca indelével, garota. Não há como aniquila-la. Só há como não torná-la um tormento eterno.
— Como?
— Cumprindo a minha sina. Fanzendo o que a marca impõe ao seu possuidor...
No Monte Escarpado, sobre Tanatus, as dominações riam das demonstrações de fraqueza do anjo. O próprio Lúcifer transformava objetos translúcidos em gigantescas evoluções pirotécnicas, pois sabia o peso do cabresto sob o servo agora atormentado por uma mistura de volúpia pela morte e dor pelo afeto humano.
— É dos meus... Vai devorá-la e se submeter à natureza bestial do meu exército... Não há o que mais fazer. Desçamos para a forra!
Precipitavam, assim, das regiões insólitas de Tanatus e de Scerigórnia todas as legiões dos infernos para presenciarem o desfecho daquele acontecimento dramático. Eufóricos inundavam as encostas e provocavam tornados.
Ao chegarem nos arredores do prédio, aguardaram o príncipe das trevas, a fera. Esse por sua vez adiantou a planta dos pés animalescos sobre o pátio... Entrou sorrateiro pela varanda e, quando afastou a cortina da janela, notou o silêncio profundo e a presença da marca que impusera ao servo...
— A marca da morte! Sinto-a presente...
Sorriu satisfeito... Viu sangue espalhado pelo piso... Percebeu sinais de dor e sofrimento em todo o ambiente... sorveu todo o sofrimento impregnado nas paredes e grunhiu certo da pertença... Havia cheiro de lágrimas escaldantes... Um grito havia ressoado por aquele recinto em pleno horror e mantinha ali o seu eco estridente. A menina não estava... O vazio era para ele uma sentença mortal...
— Onde está você, Alícius? Não se esconda! Não precisa se envergonhar... Sei que foi doloroso, mas vencemos a prova... É dos meus o melhor... Agora coragem! Não vai me responder?... Ó, coitado! Hehehehehe. Farei arder os seus olhos pela marca que te dei... Pois bem... Eleva-se agora a minha ira... Encham-te os olhos do meu rubro sangue escarlate e surjam incandescentes!
Lúcifer percebe se elevarem do assoalho em par os olhos de Alícius, permanecendo diante dos seus escarlates e fulgurantes. Alícius sumira...
Do lado de fora, triunfante um amor que vencera toda a prova, apoiado pela jovem que lhe trouxera luz à vida, Alícius caminhava certo de que o amor o tornara cego, mas eternamente feliz.
Na terra de Tanatus, clamor, pranto e ranger de dentes. Às mãos de Lúcifer, a inexorável sentença que espera os seus seguidores junto às chamas do lago Neural: a incandescente marca da morte.

" A Cabana do Demônio "

 

:: Esta é uma lenda bem manauara... Contam que um rapaz muito humilde vivia como nômade sempre buscando um lugar aconchegante para deixar seus animais. Houve um dia em que ele rodando por um sitio abandonado viu uma casinha muito velha, que sem dúvida estaria sem ninguém há algum tempo, lá resolveu ficar por uma noite. Amarrou seu jumentinho e seus dois cabritos, puxou a rede da sacola e na parte externa conseguiu armar sua rede, bem na varandinha, preferiu ficar na parte de fora, não sentia-se bem de entrar na casa. Depois foi até a mata atrás de alguma lenha para que pudesse fazer uma fogueira, já que brevemente anoiteceria e não poderia ficar a mercê do frio. Como já tinha experiência na mata, acendeu sua fogueira sem muita dificuldade, pegou seu cantil e resolveu curtir a noite estrelada. O céu estava lindo, havia nuvens claras, como as das tardes de verão o vento soprava lentamente fazendo um assobio único, a melodia perfeita do sono. Deu mais um gole na aguardente sentindo os lábios adormecerem, deu mais outro gole e num sobressalto lembrou-se que tinha que alimentar os animais. Puxou a sacola do jumentinho e serviu um pouco a cada um. Os bichinhos estavam bem maltratados, mas eram ótimas companhias, sempre a seu lado, podia ser o tempo ou o local que fosse. O céu já estava escuro e fazia um frio bem suave, resolveu dormir um pouco, não era muito tarde, mas havia sido um longo dia e precisava descansar. Dormiu quase de imediato, deitado na porta da cabana. No meio da noite acordou meio assombrado, pois sua rede estava embalando-se quase que com uma força descomunal. Aquilo o deixou assustado, parou a rede e lavantou-se olhando em volta a noite era escura, não queria dormir dentro da casa, não tinha coragem de deixar seus animais sozinhos, poderia surgir algum animal selvagem e ele queria estar próximo para proteger seus amigos. Mas então, o que diabos, haviam balançado sua rede? Puxou sua espingarda e olhou em volta para ver se encontrava algum animal, ou algum engraçadinho, o que seria improvável. Ouviu um barulho, quase que um chiado, parecia pessoas conversando... –seriam índios?- Olhou novamente, mas parou e mais nada, nem um som, nem mesmo os grilos faziam cri-cri, barulho natural. Ele achou aquilo tudo muito estranho, mas resolveu dormir novamente, talvez tivesse ele mesmo balançado a rede dormindo, nunca se sabe. Deitou-se novamente, mas desta vez com a espingarda entre os braços, pois um homem precavido sabe que é melhor fazer papel de bobo do que de irresponsável. Fechou os olhos e tentou dormir, mas não demorou muito e sentiu como se joelhos estivessem forçando nas suas costas, virou-se quase que de imediato com a arma em punhos, mas nada viu. Neste exato momento achou que não se tratava mais de um sonho e sim de algo muito estranho. Levantou-se da rede e foi pegar seus animais, e logo que desamarrou o primeiro cabrito suas patas traseiras pareceram flutuar no ar, como se mãos invisíveis a puxasse. O Rapaz começou a gritar puxando o animal de volta, mas o cabrito era puxado com tal força que tornava impossível deter, era como se uns vinte homens puxassem do outro lado. O animal gritava desesperado e suas pernas já sangravam ameaçando romper. Num ato de desespero, e pena do animal, ele o soltou e o deixou ir. O cabrito foi puxado como se voasse para o meio das arvores, lá ele ouviu um barulho horrível como o de ossos sendo quebrados. Ficou de joelhos e chorou copiosamente, tentando imaginar o que estava acontecendo. Mesmo com o pavor a flor da pele foi em busca dos outros animais e percebeu que o outro cabrito estava sendo puxado também por aquela força estranha. Caiu de joelhos e pediu a Deus que poupasse sua vida e a vida de seus animais. Neste exato momento o cabrito caiu por terra, e ele quase que automaticamente o pegou, depois pegou jumentinho, jogou seu animal ferido sobre os ombros e saiu correndo dali. Correu em direção a mata e quando voltou os olhos para a casa, viu onde estava sua rede uma velha com uma aparência horrível que sorria para ele. Ninguém sabe ao certo o que tal mulher disse aquele homem, só dizem que ele saiu correndo é passou quase um dia perdido como que louco pela mata. Só após algum tempo as pessoas encontraram seu animais e ele todo ferido deitado sobre um leito de rio e com os olhos fitando o nada. Foi muito tempo até ele recuperar-se e contar o que havia ocorrido, ele só não consegue lembrar-se do que aconteceu depois que ele olhou para aqueles olhos, que ele dizia serem totalmente malignos.

Bem vindos a Hellfarm!













_Stuart!







_Oi Leon?







_Chame a Lara e o Thomas, descobri um lugar extraordinário para irmos.







_Onde?_ perguntou Stuart.







_Deixe de ser curioso e vá logo. Vou te esperar perto da velha estação.







...







_Chegamos, agora diga, estamos curiosos.







_É mesmo Leon, por que nos mandou chamar com tanta pressa? _disse Thomas.







_Hoje ouvi uma história que me chamou a atenção, ai pensei que vocês gostariam de conhecer.







_Tá bom, vamos ouvir.







_Esperem, aqui não vale,tem que ser em outro lugar. Vamos lá, estamos pertos.







Ao chegar lá, a temperatura estava baixa e não se ouvia quase nada, apenas cricrilo e guaxos e o bater de asas de mosquitos e morcegos. O mato batia no joelho e parecia um mar de relvas.







_Chegamos pessoal.







_Tá bom, agora o que estamos fazendo aqui no meio do nada? _perguntou Lara.







O cenário era mesmo muito estranho, estávamos em uma parte desconhecida da cidade, o frio e a noite aumentava a cada segundo. E logo a nossa frente tinha uma placa que dizia:







Bem vindos a Hellfarm!







_E agora, pode nos contar a história? _perguntou Lara novamente.







_A mais ou menos dois séculos, vivia aqui o homem mais rico de toda nossa cidade, tão grande quanto sua fortuna era seu rancor e seu ódio, tudo indica que isso se deve a morte de toda sua família e escravos, devido a uma epidemia da doença de chagas que afetou toda a população da cidade. Por muito tempo, o Sr.Willian viveu sozinho, até que um dia quando sentia próxima sua morte, ele rogou uma maldição que dizia que todos que entrassem em sua fazenda morreriam de forma misteriosa. E agora estamos justamente aqui, na entrada dela.







_É, até que essa é legal, mas não chegou nem perto de me fazer medo. _disse Lara.







_Então faço uma proposta, porque não entramos lá dentro e investigamos?







Todos consentiram e caminharam até chegar a um enorme milharal.







_E agora, por onde vamos? _questionou Lara.







_Teremos cada um que seguir por uma trilha, normalmente, todas levam à saída, quem sair primeiro espera o outro. Mas antes, quero que fiquem com esses rádios comunicadores. _disse Leon, entregando a cada um de seus amigos um rádio e ficando com um para si.







_Vamos entrar logo pessoal, estou ansioso para ver alguns fantasmas... _zombou Stuart.

08h10min PM (Stuart)







Estou morrendo de frio, esse milharal parece não ter fim. Acho que não foi uma boa idéia ter vindo aqui, mas agora é tarde. E quanto mais caminho, mais perdido me sinto e com medo, afinal estou sozinho no meio desse milharal de uma fazenda que dizem ser mal assombrada. Em que roubada fui me meter!







08h10min PM (Lara)







Não posso baixar a guarda, se pensam que porque sou mulher vão me amedrontar estão muito enganados. Mas para falar a verdade, não gosto de estar sozinha. Vou falar com Thomas e saber como ele está se saindo.







_ Oi Thomas! Só liguei para ter com quem conversar.







_Que bom, também estou precisando conversar, acho que estou perdido.







_Eu também, mas espere... Diga uma palavra com a voz um pouco mais alta.







_Lara!







_Eu posso ouvir sua voz, acho que poucas fileiras nos separa. Tente atravessá-la!







_Vou tentar... Opa... Consegui!







Quando Thomas atravessou e eu finalmente pude vê-lo, o medo tomou conta de mim. Ele estava coberto de sangue e sua barriga aberta ao meio, podia-se ver seus órgãos internos e ele sussurrava algo que eu não pude entender. Diante disso não tinha outra opção a não ser correr. Corri entre as passagens até chegar a um beco sem saída.















08h10min PM (Thomas)







Que droga, não encontro a saída e odeio ficar sozinho. Para piorar estou sentindo um cheiro estranho de milho podre. Agora ouço Lara me chamar pelo rádio:







_ Oi Thomas! Só liguei para ter com quem conversar.







_Que bom, também estou precisando conversar, acho que estou perdido.







_Eu também, mas espere... Diga uma palavra com a voz um pouco mais alta.







_Lara!







_Eu posso ouvir sua voz, acho que poucas fileiras nos separa. Tente atravessá-la!







_Vou tentar... Opa... Consegui!







Nossa! Que isso? Lara está com uma cara tão amedrontada, parece até que viu um fantasma, porque será que treme tanto?







_Lara, o que está acontecendo com você? Por que está correndo de mim?







Não sabia o que fazer, achei melhor ir atrás dela. Ela foi direto para um beco sem saída, parou e começou a andar de costas, como se quisesse atravessar o milharal, mas não conseguindo, pegou um pedaço de pau que estava no chão e...







08h10min PM (Leon)







Nossa esse lugar é incrível, mas não vejo a saída, espero estar perto...







_Lara!







Estranho, porque o Thomas chamou pela Lara e ela gritou assustada? Meu Deus o que será que aconteceu? Ouvi Thomas gritando de dor... será que ele se machucou? Acho melhor correr e procurá-los, talvez possa ajudar.







08h50min PM (Stuart)







Acho que vi a saída logo à frente, será que os outros já estão lá? Acabei de ouvir um choro, se aproximando depressa, parece ser de Lara.







_Lara! _gritei, mas não tive resposta.







Saí e fui esperá-la do lado de fora. Lá, me deparei com uma mansão incrível, além de enorme, era muito velha e estava caindo aos pedaços, mas uma coisa me chamou mais a atenção do que a casa, Lara havia aparecido do meio das plantas. Eu não estava acreditando no que estava vendo. Um de seus braços e também seus cabelos haviam sido arrancados, brutalmente, seu corpo estava todo empolado como se tivesse sido atacada por um enxame de abelhas. Lara era muito bonita, mas naquele momento, parecia um monstro.







De repente, Leon saiu do meio do milharal, o que pra mim foi um alivio, para a criatura, que um dia foi Lara, parecia um tormento, ela demonstrava estar apavorada também, e Leon muito confuso.







Mas o que me preocupava mesmo, é o fato de que Lara estava vindo em minha direção como se ela fosse me atacar. Quando estava se aproximando, lembrei que havia trago meu canivete, então o saquei e me coloquei em guarda.







08h55min PM (Lara)







Ai meu Deus, o que eu fiz, matei o Thomas, perdoe-me meu Deus, não pude controlar, foi por instinto.







Finalmente uma coisa boa, encontrei a saída. Veja Stuart esta ali.







Stuart, graças a Deus, você esta bem?...Stuart... Stuart? Porque você não me responde? E por que esta me olhando desse jeito? Com essa cara assustada? Não estou entendendo nada!







Estava confusa, pois mesmo a uns dez passos de distancia, ele me olhava com uma cara estranha, como se estivesse muito assustado. Em meio a essa confusão, Leon apareceu e para piorar a situação, ele estava como Thomas. “ai meu Deus, minha vida esta se tornando um filme de terror.”







Ele caiu no chão e começou a se contorcer. Seus olhos estavam muito dilatados e seu corpo sem pele, era possível ver seu seus músculos e carne diretamente e em outros lugares, via-se seus ossos. Ele ficava lá, sem dizer absolutamente nada, pelo menos nada que se pudesse entender. Estava novamente amedrontada, então resolvi ir para perto de Stuart, talvez ele pudesse me proteger. Porém, me enganei, quando me aproximei, ele sacou uma faca e apontou-a para mim.

09h00min PM (Leon)







Finalmente encontrei a saída, será que encontrarei o tesouro? Espero que sim! Mas eles não podem saber se não terei que reparti-lo. O que é aquilo?







Lara me olhava com cara de pânico assim como Stuart a olhava, formou-se um triângulo, um encarando o outro. Num momento, Lara desviou atenção de mim e foi correndo em direção a Stuart, depois disso, a cena que vi me deixou em pânico, ele sacou uma faca e apontou para Lara.







_Não faz isso Stuart, por que quer matá-la?







E naquele momento, ele pulou em cima dela e esfaqueou seu rosto até não sobrar um lugar intacto, após isso, ele a decapitou. Tudo isso me deixou louco, presenciar aquilo e não fazer nada era horrível, então por impulso, peguei minha arma e atirei em seu braço e em seu peito.







Nesse momento, o chão começou a tremer, e as paredes da casa a desabar. O que eu faço agora? Não posso deixar o tesouro estando assim tão perto. O mapa diz que fica a quinze passos a frente do espantalho, e ele esta bem ali.







Liguei minha lanterna e andei até onde indicava, e ao cavar encontrei uma caixinha. Quando abri, havia um maravilhoso colar de pérolas com um pingente de rubi lapidado em forma de coração. Após maravilhar-me com a beleza da jóia, comecei a correr em direção à saída. Passei pelo milharal e logo estava quase lá fora, quando encontrei com Thomas que caminhava como um bêbado em direção a saída.







_Thomas, você está bem? _perguntei preocupado.







Quando ele se virou, o medo subiu junto a um arrepio.







_Mas que coisa é essa? _gritei.







Seu pescoço estava tombado e preso apenas por um fio, e ele queria me atacar. Desviei de seus golpes e corri ate a saída.







09h00min PM (Thomas)







Ai minha cabeça, o que estou fazendo aqui no chão? E esse sangue, o que esta acontecendo meu Deus? Acho melhor voltar e esperar os outros lá fora.







Caminhei por uns 30 minutos até que ouvi Leon dizer:







_Thomas você está bem?







Quando me virei, quase desmaiei de novo. Leon estava como um monstro. Todo ensangüentado e com seus olhos , boca e estômago costurados, quando o vi, fui prestar socorro, mas ele saiu correndo desconrolado feito um cão em quatro patas para fora da fazenda. Ao ver aquilo, corri atrás para ver o que estava acontecendo, mas quando faltavam uns quatro passos para sair da fazenda, ele se virou e...

09h30min PM (Leon)







Virei-me e atirei em sua barriga, então comecei a chorar e ver Thomas dar seus últimos passos, até que também alcançou a saída e caiu morto.







Perdão! Por que eu fiz isso? Agora entendo, era a maldição que nos fazia ver aquilo, nos obrigava a matarmos uns aos outros. É por isso que quando Thomas saiu de lá, já não era mais aquela criatura, mas agora é tarde, eu roubei a vida de todos e agora, vou dar-lhes a minha...

Ao ouvir socorro, peça socorro...





Para certas coisas não se deve levar pela curiosidade...elas devem ser guardadas e esquecidas, mas no nosso interior existe algo maior, algo que não podemos controlar, aquilo que nos puxa para dentro do labirinto.






Há muito tempo atrás, aconteceu algo que me levou a ter esse conceito. Algo inimaginável por mentes frágeis e complicado demais para os experientes.





Era tarde, e o sol começava a se esconder quando me resolvi que não devia ficar em casa, estava entediado e solitário demais para inventar o que fazer, liguei para um amigo ir me esperar na praça e lá pensaríamos em algo. Ao chegarmos, logo procuramos um banco que não estivesse molhado, para tentar ver o que acontecia dentro da loja de roupas. Um casal discutia e nós tentávamos decifrar o que eles diziam.




Já estava anoitecendo e não tinha ninguém em casa, iria ficar sozinho. Aproveitei a oportunidade é liguei para minha mãe perguntando-a se podia ir dormi na casa de Mário. Liguei e por incrível que pareça ela consentiu.




Andando pelas ruas, a noite já dominava, estava tudo muito escuro e faltava um bom caminho para chegarmos em casa, o clima estava muito estranho, pois antes fazia um grande calor e depois o frio surgiu com toda força, até parecia que estávamos no inverno.




Em uma passagem, estavam construindo um novo condomínio e com isso lotes gigantescos se estendiam ao longo da enorme rua. Em um momento, aconteceu algo que nos deixou assustados, saindo de uma casa em construção, ouvi uma voz que pedia ajuda.




_Alguém ai pode me ajudar, estou preso e não consigo sair.




_Mário... O que será que está acontecendo ali?

_Não sei, mas pode ser armação, você não lê os jornais? Andam dizendo que criminosos fazem isso para atrair suas vítimas e ai só Deus sabe o que acontece depois.




_Mas alguém pode estar precisando de ajuda! Sinto muito, mas preciso ir lá.




Enquanto andava em meio aos entulhos, a voz ainda clamava por socorro desesperadamente. Procurei e procurei até que encontrei um gravador que repetia essa tal pedido de socorro. Indignado, voltei até a rua para reencontrar Mário.




_E ai, o que aconteceu?_perguntou-me.




_Que roubada! Era um radio gravador.




_Eu sabia, boa coisa não podia ser! _Disse ele sarcástico.




Continuamos andando pelas ruas e a escuridão aumentava, parecia que estávamos perdidos, pois andamos muito e não chegamos em casa. Continuamos seguindo, quando a voz começou a chamar novamente, mas dessa vez, não fui prestar o socorro.




Quando vimos que não estávamos perdidos, e sim chegando em casa, ouvi uns alguns ruídos vindos do mato que crescera no lote ao lado, era como se alguém nos seguisse e observasse, mas prosseguimos mesmo com um pouco de medo.




Quando chegamos na casa de Mário, este percebeu que a chave não estava mais em seu bolso.




_E agora como vamos entrar? _perguntei.




_Não sei, a chave deve ter caído do meu bolso, mas o que é estranho, é que ele não estava furado antes.




_Bom o jeito e voltar e procurar.




Andamos de volta por todo caminho, observando atentamente todo o chão. Procuramos até que a vimos logo à frente.




_Veja, está ali, pendurada no galho daquele arvore.




_Ainda bem, mamãe me mataria se eu a perdesse. Mas como vamos lá? Pode ser perigoso.




_Deixa de ser medroso e vai lá, eu vou com você.




Caminhamos até a árvore e pegamos a chave, mas quando nos viramos, nos deparamos com a coisa mais assustadora que se pode imaginar. Um homem alto, magro e pálido estava parado em nossa frente, a princípio não conseguimos identificá-lo, mas a medida em que se aproximava, notamos em seu pescoço marcas de estrangulamento, algo como se tivesse sido brutalmente enforcado, seus olhos muito abertos permaneciam sempre a nos encarar, o mais apavorante era o sangue que constantemente saía de sua boca e pulsos que pareciam ter sido rasgados. Foi quando ele disse:




_Por que não me ajudou quando precisei? Agora, não tem ninguém para ajudar vocês.



Não sabia o que fazer se corria ou se continuava estático. Foi quando Mário me puxou pelo braço e saímos correndo. Corremos até que nos livramos da criatura. Entramos rapidamente para dentro de casa e ficamos lá a noite toda sem nem mesmo piscar os olhos.




...




Anos se passaram e quase não lembravámos desse fato, tudo corria bem até que um dia, ouviram-se boatos de que em um condomínio sempre que alguém passava uma voz surgia pedindo ajuda, mas nunca encontravam ninguém no local.




A historia diz isso, mas agora se a curiosidade te dominar, experimente passar no seguinte endereço...







Rua das Lamentações, Nº não identificado.







Obs.: E lembre-se, ao ouvir socorro, peça socorro.

O Assassinato De Jéssica Campbell



Os lindos fios dos cabelos louros caíam sobre a pia do banheiro enquanto Jéssica os penteava cuidadosamente com sua escova preferida. Sua mãe logo a apressava para ir à escola, como sempre, estava atrasada.

O trânsito da cidade mineira de Boa Vista era muito tranqüilo para uma população de 150 mil habitantes.

Gorete a mãe de Jéssica tinha um temperamento amigável, mas era impaciente quando se tratava de esperar alguém, e como de costume, foi por todo caminho até escola dando sermões em Jéssica por seu atraso rotineiro.

O ano era de 1974 e Jéssica cursava a 8ª série do ensino fundamental, naquele mesmo ano se formaria e sua mãe havia lhe prometido pagar toda a formatura, um presente pelas excelentes notas do ano todo.

O dia de Jéssica e todos os alunos correu normalmente, repleto de lições difíceis, contas absurdas, fórmulas complicadas e muitas risadas com suas amigas. Tudo estaria normal a não ser pela chegada do novo inspetor de alunos, um rapaz de 30 anos que chamou a atenção de diversas garotas e em especial de Jéssica.

Dia após dia, Jéssica passava longos períodos observando Célio trabalhar, sua atenção desde então estava toda focada em um homem.

Jéssica já havia namorado, mas nada que fosse realmente bom para que se tornasse uma relação estável e duradoura.

As amigas de Jéssica já notavam a sua indiferença nas conversas durante a aula e também não gostava mais de passear pelo pátio durante os intervalos.

Pouco a pouco Jéssica foi ficando sozinha, dentro de si uma revolta foi se criando e tinha em mente um único desejo, conquistar o amor de Célio, sem o consentimento de sua mãe ela estava matando aulas e passava longos momentos à procura do Célio.

Jéssica era insistente naquilo que desejava e vagarosamente como uma doce menina foi tendo contato com o inspetor, fruto de noites em claro, viajando em seus pensamentos de adolescente apaixonada.

Meses se passaram e como toda boa escola que se prezasse os comentários nos corredores entre os alunos e também entre os professores logo se espalharam, mas a essa altura Jéssica e Célio já estavam próximos demais para, uma amizade incontrolável os possuía, ainda não havia acontecido nada em especial, mas tudo indicava que não demoraria.

Célio apesar da idade, tinha uma ótima aparência, era belo e isso encantava todas as mulheres com quem ele convivia, mas estranhamente não tinha ninguém e muito menos comentava seus relacionamentos, era uma pessoa fechada e estranha e ao mesmo tempo, atencioso e prestativo.

Já era agosto, as aulas transcorriam normalmente e Jéssica apresentava resultados ruins em suas provas, não era mais uma aluna aplicada, tão pouco uma boa amiga o que resultou em um isolamento de sua vida habitual.

Em setembro a amizade dos dois se tornou algo indestrutível, Célio já havia levado chamadas de seus superiores por deixar muitas vezes o trabalho de lado e dar atenção a Jéssica.

Jéssica por sua vez explicava insistentemente para sua mãe que a queda no rendimento escola era em função das difíceis matérias.

Gorete foi levando a situação de maneira a acreditar em sua filha, mas em seu interior sentia que algo estava errado.

Setembro já dava o ar da graça, em sua primeira semana e em uma tarde chuvosa os alunos foram dispensados mais cedo em função de manutenções na escola. Foi quando Jéssica viu ali um excelente momento para fica com Célio e assim fez.

Durante todo o restante da tarde os dois permaneceram juntos e bem atrás de um monte de carteiras velhas aconteceu o primeiro beijo.

O encontro dos lábios de dois apaixonados e reprimidos pela sociedade e pelas diferenças, ali se fez. Nada estava entre Jéssica e Célio.

Já era novembro e a paixão entre os dois estava cada vez mais forte, se encontravam escondidos quase todos os dias sem levantarem qualquer suspeita, pois Jéssica havia melhorado em suas notas e faltas e Célio não conversava com ela em horário de aula.

O tempo passou de tal maneira a fazer com que Célio sentisse desejos mais íntimos com Jéssica, que todas as vezes recusava e sentia-se de certa forma incomodada com situação, já que ainda era virgem.

Algumas semanas depois, as aulas estavam se encerrando e algo atormentava Jéssica, no próximo ano estaria em uma nova escola e não mais veria Célio com tanta freqüência, e uma decisão estava tomada: Ela iria se entregar ao Célio.

Tudo estava planejado com Célio e aconteceria após um dia de provas quando todos sairiam mais cedo.

O local era um antigo banheiro feminino, há muito tempo desativado devido a escola estar com poucos alunos e não haver necessidade de tantos lugares em funcionamento.

Jéssica teve sorte e a prova estava fácil, logo que concluiu todas as questões se apressou para ficar com Célio até que todos saíssem da escola.

Célio parecia nervoso e inquieto, logo chamando a atenção de Jéssica que o questionou sobre seu comportamento. Com a voz trêmula Célio disse que estava tudo bem e que estava apenas um pouco preocupado para que ninguém os visse.

Enfim, a escola tinha se esvaziado, o último aluno cruzou o portão que logo foi fechado por Célio.

Longe dos olhares de outros funcionários da escola, o casal correu para o banheiro. Célio teve o cuidado de trancar a porta, fato que chamou a atenção de Jéssica, mas que pouco se importou.

O clima entre os dois foi cada vez mais se aflorando, entre abraços e beijos Jéssica sentiu no bolso de Célio um objeto estranho, mas achando ser apenas o molho de chaves, continuou a acariciar seu namorado.

Célio tirou sua camiseta e pressionava Jéssica contra a parede, a menina parecia experiente e se deixava levar pelas atitudes de Célio.

Célio estava bastante excitado com a relação e sem pudor algum foi despindo Jéssica que naquele dia estava com roupas brancas.

Completamente nua Jéssica estava pronta para receber Célio por completo, quando uma série de atitudes bruscas começou a apavorar a garota.

Os dedos grossos e ásperos de Célio invadiam os órgãos genitais de Jéssica, com muita força ele tentava forçar a menina a se deixar levar pelos atos. Jéssica repudiava em certos momentos, mas era fortemente abraçada por Célio, imobilizando-a.

Uma forte dor seguida de ardência fez com que Jéssica gritasse e chorasse, principalmente quando notou que sangue escorria entre suas pernas.

Pedindo incessantemente para que Célio parasse, ela foi calada com os dedos vermelhos e repletos de sangue introduzidos em sua boca, fazendo com que o líquido da vida fosse engolido pela garota seguido de um beijo sádico.

Jéssica estava em pânico e sofria com as fortes dores, até que Célio invadiu seu corpo, uma mistura de prazer medo e agora ameaças estavam presentes naquele velho banheiro.

Célio tirou de seu bolso um canivete que usou como arma de ameaça para que a menina permanecesse calada e atendesse todos seus desejos.

Célio parecia realizado, era um desejo seu abusar de uma virgem e dela extrair liquido da vida para que entre os corpos, além do suor existisse a cor da paixão.

Por trás da personalidade doce e tímida de um simples inspetor, existia um maníaco, que guardava os mais torturantes e terríveis desejos.

Já no chão, deitou sobre a menina, concretizando seu ato de crueldade.

As paredes tinham sangue, assim como o chão, as roupas e os corpos dos dois.

Jéssica tentou reagir e chegou a ferir um olho de Célio, revoltado ele quis se vingar e antecipou o que tinha previsto para o final da relação.

Agarrou Jéssica pelo pescoço com apenas uma das mãos, enquanto com a outra segurava o canivete e cortava os lábios dela.

Ainda não satisfeito, ordenou que Jéssica pusesse a língua para fora e num golpe rápido arrancou a ponta. Jéssica ficou estática, e em choque mal podia gritar.

Seus sussurros de nada adiantavam e sendo empurrada para uma cabine junto a um vaso sanitário e sua única reação foi apertar compulsivamente a descarga, infelizmente em vão, pois no momento ninguém que estava por lá conseguiu ouvir, pois a distância era grande, tentou três vezes mesmo possuída por Célio.

Já fraca e sem reação desistiu de lutar pela vida, Célio decidiu acabar com tudo rapidamente. Agarrou a cabeça de Jéssica golpeando-a fortemente na beirada do vaso sanitário.

Jéssica desmaiou tamanha foi a força dos golpes que parte da louça do vaso se partiu.

Célio com seu canivete cortou a garganta de Jéssica, que inerte morreu pouco tempo depois.

Célio tratou de se livrar de marcas e provas, fugiu agilmente pulando o muro da escola.

O corpo de Jéssica ficou no mesmo local até segunda feira, quando algumas faxineiras notaram o estranho cheiro vindo do banheiro, pensando ser apenas algum vazamento de esgoto.

Apavoraram-se quando viram a menina morta com um olhar atônito de desespero, morreu sofrendo e sem ter quem a ajudasse.

Logo a mãe de Jéssica foi informada e em prantos acompanhou a remoção do corpo.

O enterro da menina foi marcado por muita dor e emoção.

A polícia procurou em vão pelo paradeiro de Célio, que mais tarde souberam que se tratava de um falso nome, mas sua verdadeira identidade nunca foi descoberta.

Semanas, meses e anos se passaram, em pouco tempo a escola cresceu bastante sendo necessário a reabertura do banheiro onde Jéssica havia morrido, mas algo naquela escola não era mais o mesmo.

Uma nuvem negra parecia que pairava sobre a escola, até que em um dia comum de aula, gritos de meninas foram ouvidos por todo o ambiente. Relatos davam conta de que após apertarem a descarga por umas três vezes uma menina apareceu diante dos seus olhos, completamente ensangüentada e pedindo ajuda.

O incidente aconteceu várias vezes, e somente no banheiro onde Jéssica fora assassinada.

O fato aconteceu apenas com alunas e a história se espalhou de forma assombrosa assim criando a “Loira do Banheiro”. Muitos ainda dizem que seu espírito vaga pedindo ajuda e que o suposto inspetor Célio ainda faz de jovens garotas suas vítimas
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A Histótia de Katrin Malen


Indonésia 1948

Após uma intensa reforma, o hospital infantil de Santem, iria ser reaberto. Passou por um forte incêndio no ano anterior, cujas causas até hoje são desconhecidas.
Kur Hants, um conceituado fotógrafo alemão, entrou sozinho no prédio para registrar as mudanças do local e fazer uma matéria sobre a renovação do prédio após a tragédia.

Caminhou por vários andares, mas ao chegar ao último sentiu algo estranho, estava frio e sentia como se algo o observasse, mesmo com maus pressentimentos continuou seu trabalho.

Ao focar sua câmera para uma das portas que davam acesso à ala psiquiátrica, notou uma mancha na lente da câmera, ao limpá-la percebeu que não havia nada ali.

Ele movimentava seu equipamento, e a sombra parecia imóvel. Kur nunca havia passado por isso, pensou se tratar de alguma brincadeira, continuou a fotografar. Quando estranhos barulhos, que se assemelhavam de uma menina se debatendo contra a porta, começaram a ficar intensos, Kur correu pensando ser alguém em apuros.

Kur abriu a porta, algo violentamente atravessou seu peito, perfurando seu coração. A câmera caiu e por muita sorte não se danificou.

Cidade de Santem 1946

Enila, Ceron e Katrin, formavam uma família feliz, moravam em um humilde sítio, que com o avanço da cidade estava ficando cada vez menor e a situação financeira deles ficava cada vez pior.

Katrin gostava muito de seus pais, era uma menina encantadora de apenas 11 anos. Brincava sempre sozinha com os poucos animais da fazenda.


Enila era uma mulher muito justa e batalhadora, sempre conseguiu manter o equilíbrio na casa, mesmo passando por tantas dificuldades.

Depois de alguns meses a situação começou a se complicar, era época de seca, as plantações estavam morrendo e a única solução encontrada por Ceron foi vender um de seus cavalos.

Era uma tarde nublada Ceron amarrou o animal numa carroça, consigo levou algumas armas e pólvora para tentar vender no mercado da cidade.

Katrin pede para que ele traga uma boneca que ela tanta desejava, pois seu aniversário estava muito próximo. Muito triste e com pena de sua filha ele diz que irá tentar realizar o sonho da menina.
Várias horas se passaram, começou a trovejar, Ceron retornava para sua casa. Conseguiu vender apenas o cavalo, não achou comprador para o restante do material que levava.

Katrin avista seu pai, vindo pela estrada, muito contente e aguardando ansiosa por seu presente, corre e avisa sua mãe.

As duas aguardam na porta da residência, quando um forte raio cai pelas redondezas, o som do trovão foi tão forte que fez com que o cavalo se assustasse. Ceron perdeu controle das rédias, em pânico o animal tenta fugir, mas continuava preso à carroça.

Katrin e sua mãe tentaram correr para ajudar, mas a carroça vira, uma pequena faísca é produzida, acidentalmente a pólvora se espalha, causando assim uma enorme explosão.

Ceron gritava muito, seus pedidos de ajuda podiam ser ouvidos à distância. Mãe e filha nada puderam fazer a não ser assistir a morte dele.

Alguns objetos que estavam na carroça foram arremessados com a explosão, dentre eles estava a boneca que Katrin tanto desejava. Intacta, a menina encontra e abraçada ao seu novo brinquedo fica paralisada e parecia não acreditar que havia perdido seu tão amado pai.


As chamas arderam por mais de uma hora e se alastraram pelo capim seco, muitas pessoas tentaram ajudar. Nada se salvou a não ser a casa onde elas moravam.

Depois de algum tempo, Enila recebeu uma proposta de venda daquele local onde queriam construir um grande hospital. Sem pensar muito aceitou.

Compraram uma casa no centro de Santem e com o restante do dinheiro poderiam viver sossegadas, já que aquele local era muito valioso.

Após a morte de seu pai Katrin passou a ser uma menina triste e ainda mais solitária, pois pouco falava e nunca mais se separou do ultimo presente que recebeu dele.

Apenas um cachorro foi levado para a casa nova. A mudança foi difícil para as duas, Katrin sofreu aos prantos entrou em sua nova moradia.

Desde então seus trajes passaram a ser pretos, se fechou para o mundo. Renegou toda a ajuda que lhe foi oferecida.

Enila preocupava-se e seu único consolo era pensar que tudo aquilo não passava de uma difícil fase.

Um ano depois...
Katrin, nunca saia de casa, isto fez com que sua pele ficasse extremamente clara e pálida.

Todas as noites, Enila escutava Katrin conversar com alguém e ao espiar constatava que ela tinha a boneca como melhor amiga.

Numa noite, algo de estranho aconteceu, Katrin chorava muito e chamava por seu pai. Pensando em se tratar apenas de mais um sonho, Enila corre para ver o que estava acontecendo. Assustou-se ao encontrar a boneca suja de sangue, Katrin continuava a gritar, sua mãe a acalma e depois a questiona sobre a boneca, sem obter nenhuma resposta recolhe o brinquedo de sua filha e vai para fora tentar limpar.

Quando abriu a porta dos fundos, encontrou o cachorro morto, seu peito perfurado e com um vazio no local do coração.

Enila ficou apavorada com a cena, num primeiro momento pensou ter sido obra de algum assaltante ou pessoa mal intencionada.

Katrin acalma-se e vai dormir.

Devido ao susto, Enila nem se importa com a boneca suja, limpa e devolve para sua filha.

A notícia se espalhou e todos pensavam ser algum maníaco rondando a vizinhança.

Desde este dia a vida das duas tornou-se atormentadora, noite após noite, acontecimentos estranhos começaram a ocorrer na humilde casa.

Armários abriam misteriosamente, objetos desapareciam e sons estranhos deixavam o ambiente aterrorizante.

Enila não sabia mais o que fazer, sua única saída foi pedir para que sua irmã e sobrinha viessem ficar por um tempo na casa delas, pois com mais pessoas elas ficariam seguras.

Por dois meses a situação ficou calma.

O ano já era início do ano de 1947, o novo hospital da cidade iria inaugurar, muita expectativa rondava aquele povo, pois grande tecnologia foi utilizada naquele local.

Katrin continuava sendo a mesma menina calada e séria de sempre, nunca havia falado mais do que duas palavras com sua prima Malina, que tinha a mesma idade.


Malina sempre quis brincar com a boneca de Katrin, mas sempre foi rejeitada por ela.

Num domingo, todas vão dormir logo cedo. No meio da noite Enila sente um cheiro de fumaça, se levanta e depara-se com sua cozinha em chamas. Todos os vizinhos acordam e correm para ajudá-la.

Próximo a porta de saída encontram a boneca de Katrin, levemente queimada, mas sem grandes estragos. Enila estranha e decide jogar o brinquedo fora.

Após passar o susto, todos voltam a dormir.

No dia seguinte, Enila encontra Katrin dormindo com a boneca que ela tinha jogado fora.

Enila cala-se e começa a desconfiar de sua filha, pois ela era perturbada e misteriosa.

Em um dia que Katrin estava em outro cômodo da casa, Malina pega a boneca de sua prima e começa a brincar. Katrin retorna e encontra sua prima com a boneca. Revoltada, pela primeira diz uma única frase. "- Você irá se arrepender por isso!"

Malina solta o brinquedo e vai de encontro à sua mãe.

Naquela noite daquele mesmo dia, novos acontecimentos estranhos tiveram início desta vez quem gritava muito era Malina que dormia no mesmo quarto que Katrin.

Enila e sua irmã correm para ver o que estava acontecendo. O choque foi grande ao ver Malina morta e também com um buraco em seu peito. O olhar de Katrin era intenso, ficou parada em pé com a boneca em sua mão direita olhando para o corpo da menina. Suas mãos estavam sujas de sangue assim como a boneca.

Enila não conseguia acreditar que sua filha havia matado sua própria prima. Espanca a menina, que não teve nenhuma reação.

Katrin permaneceu dois meses acorrentada na cama, até que o novo hospital fosse aberto ao público.

A mãe de Malina foi embora e nunca mais deu qualquer notícia.

Enila chorava muito, mas internar Katrin era a única solução. A boneca foi mais uma vez retirada das mãos da menina.

Já internada no hospital, Katrin recusava-se a usar as roupas dos internos e continuava com seus trajes pretos.

Mais um mês se passou. Katrin estava piorando a cada dia, queria de qualquer forma sua boneca de volta. Os médicos acharam melhor que ela tivesse seu desejo realizado.

Enila assim o fez, no dia da visita quis entregar pessoalmente e ficar a sós com ela.

Depois de uma hora, os médicos acharam estranho o silêncio e a demora, abriram a porta da sala: Katrin havia matado sua própria mãe e com as próprias unhas arrancou seu coração e comia como se fosse um saboroso doce.

Os médicos ficaram abismados com o que viram. Katrin foi novamente amarrada e sedada.

A notícia se espalhou, todos na cidade temiam a menina e principalmente sua boneca, pois muitos acreditavam ser um objeto amaldiçoado.

Mais dois meses se passou, a aparência de Katrin era horrível, com muitas olheiras, cabelos negros e compridos.

Os médicos e enfermeiras a temiam, eram poucos os que chegavam perto dela.

Toda a equipe achou por bem retirar novamente a boneca de suas mãos. Neste dia a situação se complicou. Katrin dava gritos, e negava-se a entregar seu brinquedo.

Mesmo lutando, a boneca foi levada para o incinerador. No exato momento em que foi jogada no fogo o prédio do hospital também começa a arder em chamas.

Em segundos o fogo se alastrou, a ala das crianças foi atingida, ninguém conseguiu fazer nada. Centenas de pessoas morreram naquele dia.

Katrin também foi carbonizada, poucos se salvaram.

Mesmo com a grande tragédia, muitos se alegraram ao saber que Katrin havia morrido, pois assim davam por encerrada as ações macabras daquela menina.

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Um amigo de Kur, estranha a demora de seu amigo, ao procurar por todos os andares do hospital, encontra sua câmera caída e logo em seguida seu corpo, com uma grande perfuração no peito.
As fotos de Kur são reveladas, mas o temor foi enorme ao constatarem a presença de uma menina vestida de preto na foto. Muitos estudiosos se interessaram pelo assunto e acabaram loucos e internados em clínicas e hospitais onde juram ver a mesma menina da foto.

Os moradores de Santem, afirmam que o espírito de Katrin ainda vive. A ala onde ela foi internada acabou sendo desativada.

A lenda de Katrin espalhou-se pelo mundo, sua foto foi julgada como montagem e a verdadeira história desapareceu com o passar dos anos.

O único mistério não revelado e nunca descoberto, foi o poder que sua boneca exercia, mas ela nunca passou de um simples brinquedo. Katrin era má e a morte de seu pai fez com que nela brotasse poderes psíquicos que eram capazes de alterar o curso natural da vida.

Seu espírito permanece imortalizado em sua única foto, Katrin ainda vive na mente das pessoas que a observam por muito tempo.